SIMPÓSIOS TEMÁTICOS
Simpósio 1
Contos de fada: múltiplas leituras a partir da intertextualidade, materialidade e intermidialidades
Profa. Dra. Andréia de Oliveira Alencar Iguma (UNESP/CNPq)
Profa. Dra. Isabel Lopes Coelho (FTD/USP)
Profa. Ma. Juliana Gonçalves Mutafi (PUC-SP)
Os contos de fada integram o imaginário coletivo das sociedades ocidentais modernas e, durante séculos, ganharam compilações variadas e diferentes traduções a adaptações. Le Goff (2011) aponta que na Idade Média, homens e mulheres eram provocados pelo maravilhoso pela estupefação de sua leitura, que os faziam arregalar os olhos em que ao mesmo tempo os estimulavam. A perplexidade não se limita ao período de origem dos contos de fada, uma vez que mesmo com os mais modernos adventos tecnológicos, com a inserção de diferentes mídias posteriores à Revolução Industrial, a permanência dos contos de fada na sociedade contemporânea perdura fortemente no que tange às produções literárias: desde as mais populares até as mais sofisticadas. Marina Colasanti (2015), ao ser questionada acerca da importância dos contos de fada, argumenta que quando uma narrativa oferece uma variedade de leituras, contribui com a construção de leitores para que se sintam livres para se apropriarem da história e, com isso, possam aprender sobre si e sobre o mundo. Indubitavelmente, o maravilhoso gera perplexidade, pois traz elementos que alteram o campo prosaico. Porém, há um pacto entre leitor e texto que implica uma aceitação tácita com o sobrenatural. Nesse prisma, nosso simpósio tem como objetivo suscitar discussões, reflexões e análises acerca de obras teóricas e ficcionais que têm o conto de fada - clássicos ou contemporâneos - como base, perpassando pela intertextualidade, materialidades e interartes nas narrativas ficcionais dos contos da tradição, recontos e novos contos.
Simpósio 2
Literatura de Infância: diversidades criativas e impactos do livro e da leitura, hoje
Profa. Dra. Maria José Palo (PUC-SP)
Profa. Dra. Marina Miranda Fiuza (PUC-SP)
A Literatura de Infância é o lugar da aproximação entre livro, leitura e leitor. Neste evento que se inscreve na experiência de linguagem, palavra humana e pensamento nascem como eco da voz infantil, cindida entre língua e discurso (Agamben, 2008). Neste contexto, a in-fância se instaura como um método de investigação das ciências humanas e, assim, do livro ilustrado infantil e juvenil. Na diversidade de sua criação, a materialidade do livro é impactada pelos efeitos da tecnologia da comunicação e da multimedialidade, os quais reverberam na escrita verbal e visual, apontando inovadoras metodologias de leitura. Leitura esta que requer uma pedagogia de aprendizagem singular, que transcende a mera dinâmica da representação do passado, pois vislumbra uma experiência de linguagem capaz de alcançar a ética da infância e a formação do ser infantil. Este simpósio acolhe comunicações que investiguem as diversidades criativas do livro ilustrado infantil e juvenil e os impactos da Literatura de Infância na atualidade.
Simpósio 3
Crítica literária e literatura digital para crianças e jovens
Profa. Dra. Aline Frederico (UFRJ)
Prof. Dr. Edgar Kirchof (Univ. Luterana do Brasil)
Prof. Dr. Douglas Menegazzi (UFSC)
Este simpósio acolherá a apresentação de trabalhos que discutam questões de ética, estética, crítica e produção e recepção de obras de literatura digital endereçadas a crianças e jovens. Serão aceitas reflexões sobre obras em diferentes formatos digitais, tais como os aplicativos literários (book apps), e-books, audiobooks, obras de realidade aumentada e realidade virtual, livros locativos, games literários etc. Inclui ainda assuntos e plataformas correlatos, tais como bibliotecas digitais ou streaming de livros, fóruns de discussão e crítica realizados de forma virtual – como festivais literários on-line e lives com escritores e ilustradores, por exemplo –, booktubers, grupos de fanfics, ferramentas e plataformas digitais de mediação, obras híbridas etc. Também serão aceitas reflexões relativas ao modo como as mídias digitais influenciam e transformam práticas de leitura, recepção, mediação e circulação de obras literárias para crianças e jovens em âmbito escolar ou na leitura domiciliar, o que abrange sua seleção e utilização. Também são bem-vindos estudos relativos ao processo de produção de obras digitais e a congruência de tecnologias e novas mídias com a literatura para crianças e jovens.
Simpósio 4
Ensino e pesquisa de literatura: espaços e práticas para leituras
Profa. Dra. Renata Junqueira (UNESP-Presidente Prudente)
Prof. Dr. Luis Carlos Girão (USP)
Prof. Dr. Maurício Silva (PUC-SP)
Os espaços potenciais para a introdução do leitor ao literário e sua permanência nesse universo poético e estético são múltiplos - sala de aula, biblioteca, parque, colo. Refletir sobre esses espaços caminha paralelamente ao pensar sobre as práticas de leitura, sendo estes eixos de muitas pesquisas sobre a literatura para crianças e jovens, em suas abordagens pragmáticas e teóricas, diretamente ligadas à constante reformulação crítica e ética dessas relações em seus contextos familiar, escolar e acadêmico. Frente a esse processo que se retroalimenta, vários desafios devem ser enfrentados, tais como: A leitura do canônico e do contemporâneo na sala de aula: as reafirmações e as atualizações dos formadores. O acesso ao livro literário: as interatividades previstas em formatos clássicos e no contexto digital. Os contatos mediados com a leitura literária: dos bebês às crianças, dos adolescentes aos adultos. A renovação do acervo: pesquisa, formação crítica e acesso pelos educadores. A ocupação literária de outros espaços escolares que não a sala de aula: mobilidade que demanda outras perspectivas de formação e leitura. As descobertas do encontro entre literatura e outras linguagens: artes visuais, artes do corpo e audiovisual. Temas difíceis na literatura em sala de aula e suas implicações críticas na mediação: afetos, sexo, política, raça e gênero. As relações e os conflitos entre os aspectos paradidáticos e poéticos: os usos e não-usos na leitura e análise do livro. A formação literária do educador: a ampliação do repertório crítico de leitura e estudo de literatura. Os desafios das ilustrações e da materialidade do livro de literatura na formação do leitor literário: leituras críticas de outras competências por parte do leitor, do mediador e do pesquisador. O papel da universidade na formação do jovem leitor: abordagens distintas para a leitura crítica do literário e discussões curriculares para leituras transdisciplinares. Sendo assim, a proposta deste simpósio é constituir mais um desses espaços para a troca de ideias, apresentação de pesquisas e experiências que auxiliem a reflexão sobre esses pontos.
Simpósio 5
A literatura juvenil contemporânea: espaço(s) plural(is)
Profa. Dra. Ana Margarida Ramos (Universidade de Aveiro)
Profa. Dra. Diana Navas (PUC-SP)
Profa. Ma. Luara Teixeira de Almeida (PUC-SP)
Observa-se, na literatura contemporânea preferencialmente endereçada aos jovens, produções que se revelam como espaço de convergência entre diferentes artes, mídia e códigos. Nelas, o texto literário – seja em termos temáticos, seja em termos de arquitetura narrativa – estabelece intenso e profícuo diálogo com outras linguagens, desafiando o jovem a empreender uma leitura plurissemiótica. Em outras palavras, em estrito diálogo com o contexto contemporâneo, no qual emergem diferentes linguagens e o esvair das fronteiras entre elas – as obras juvenis mostram-se como espaços em que as ilustrações e o projeto gráfico assumem potencial narrativo, tornando-se parte integrante da diegese. Os recursos empregados para promover a (con)fluência de linguagens são vários, podendo ir desde o uso da tipografia, layout ou cor da página impressa, a reprodução de imagens e documentos, até a mimese estilística de formas não narrativas, de linguagens técnicas ou digitais ou de convenções formais normalmente não comuns às narrativas juvenis.
É esse tipo de produção que almejamos discutir neste simpósio. Interessam-nos comunicações que observem e analisem obras juvenis multimodais, nas quais o texto literário estabeleça relações com outras artes, mídias e códigos e suas implicações em termos da narrativa, da materialidade e do design do livro. Estudos que discutam a forma como esta produção contribui para a formação de um leitor mais crítico e reflexivo também são desejáveis.
Simpósio 6
Poesia para crianças e jovens: espaços de aproximação, reflexão e convivência “com” o poema, a linguagem poética e seus territórios
Profa. Dra. Maria dos Prazeres Santos Mendes (USP)
Profa. Dra. Rosilene de Fátima Koscianski da Silveira (SED-SC)
Profa. Ma. Juliana Valverde (PUC-SP)
Prof. Me. Lion Santiago Tosta (Universidade Presbiteriana Mackenzie)
A linguagem poética cria seus próprios territórios, móveis, não hierárquicos e não cronológicos, em que as relações da lógica representacional se suspendem, convidando o sujeito à experiência sensível, de modo a expandir e até extrapolar os limites que se voltam estritamente ao pensar. A poesia, nesse sentido, pode ser considerada o lugar do não-lugar de uma razão encerrada, um território também do sentir e da imanência, um espaço de movimento, um sistema de deslocamentos constantes, no qual se é preciso estar presente para pertencer, experimentar, viver. No Brasil, no entanto, notamos uma carência associada à geração e ao cultivo de espaços de convívio com o poema (expressão em texto da poesia), tanto em contextos formais quanto informais; e essa falta traz em si outra: a falta de oportunidades ao desenvolvimento de tal estado de presença para com o poético. Dentre os gêneros textuais que circulam no rol denominado literatura para crianças e jovens, por exemplo, o poema é um dos mais negligenciados no cotidiano escolar, tanto pela inconstância (não raro sua ausência) quanto pela abordagem, muitas vezes focada nos elementos formais ou exclusivamente em sua interpretação, desprivilegiando a sensação, a performance, o corpo e o impacto da materialidade no leitor. Contudo, o descuido em promover o encontro e a interação de poemas na (e com) a vida da criança e do jovem não está circunscrito apenas à escola. Sabe-se que até em famílias leitoras a leitura de poemas também não é tão presente quanto a leitura de textos de outros gêneros do campo artístico-literário. Mas qual a razão do apagamento do poema na escola e nas famílias? Como mobilizar o encontro entre as crianças, os jovens e a poesia, potencializando essa relação? Como intensificar a prática de inserção dos poemas na vida das crianças e jovens, de forma a garantir a proximidade deles com a lógica própria da poesia? Que gênero é esse? Que abordagens teórico-metodológicas seriam capazes de privilegiar o poético? É diante dessas questões que surge este simpósio, o qual pretende se mostrar como um espaço dialógico à reflexão acerca dos pontos nelas envolvidas, acirrando as discussões a respeito da linguagem poética, de sua forma de operar e das possibilidades de uma prática pautada na lógica da poesia. Frente ao exposto, o simpósio receberá trabalhos que: reflitam e apresentem caminhos de vinculação do público infantojuvenil com a poesia, viabilizando a criação de presença para com o gênero poema em diferentes espaços; abordem obras que circulam sob a rubrica de poesia para crianças e jovens; debatam seus elementos poéticos; discutam e proponham metodologias relativas ao seu ensino e/ou apreciação mediada; analisem o processo de mediação e recepção de poemas no universo escolar; promovam e potencializem a criação de espaços de aproximação, reflexão e convivência com a linguagem poética e seus territórios em diferentes contextos e práticas de leitura.
Simpósio 7
O objeto-livro na primeira infância: experimentalismo, potencialidades, territorialidades e mediação literária
Profa. Dra. Diana Maria Martins (ESD-IPCA e CIEC-Universidade do Minho)
Profa. Ma. Cássia V. Bittens (PUC-SP)
A publicação dirigida a bebês e a crianças que não dominam o código linguístico conheceu, nos últimos anos, significativos desenvolvimentos quantitativos e qualitativos. O presente simpósio intui, portanto, uma reflexão (de natureza multidisciplinar e de orientação pró-infâncias), em torno destes artefatos, não raras vezes, híbridos, centrada em práticas formais e informais de aproximação ao livro e à leitura literária. Assim, objetiva-se uma análise teórica dedicada aos modos singulares de leitura experienciados nos primeiros anos de vida da criança, na caracterização e classificação dos distintos modos de concepção do objeto-livro e nas potencialidades semânticas da linguagem verbal, da ilustração, mas também, do design e da própria materialidade do suporte destas publicações inscritas num universo editorial multiforme. A estes tópicos somam-se, ainda, as investigações centradas na atenção crítica em torno da formação de mediadores adultos, que se dedicam à promoção da leitura, desde o berço, assim como, aos estudos centrados no desenvolvimento da criança, na cultura lúdica e territorialidades.
Simpósio 8
Literaturas africanas, afro-brasileiras e indígenas para infância e juventude: intersecções
Profa. Dra. Elizabeth Cardoso (PUC-SP)
Profa. Dra. Maria Anória de Jesus Oliveira (UNEB)
Profa. Carolina Ferreira (PUC-SP)
O simpósio agrega pesquisadores (as) que abordam as literaturas africanas, afro-brasileiros e indígenas e as produções literárias que tematizam essas culturas e as suas contribuições para a educação das relações étnico-raciais. Priorizaremos, portanto, trabalhos que se centrem em títulos e autores contemporâneos que, de algum modo, contemplam as políticas de ações afirmativas (a Lei 10.639/2003 e a 11.645/2008), através das quais assuntos voltados para a história e a cultura afro-brasileira e indígena passaram a ser obrigatórios na educação básica. Partindo desses marcos históricos, pretendemos: a) contribuir para a formação docente e discente na área em questão; b) visibilizar obras que trazem à cena protagonistas negros e indígenas; c) evidenciar as produções que as tematizam, em intersecção com a formação de leitores literários no espaço escolar e não-escolar.